Bom dia, 01 de janeiro de 2025
PUBLICIDADE

Quem Diria?

Por: Brunno Carvalho

Aqui, você poderá ler sobre cultura, arte, tecnologia e educação. O diferencial aqui é a presença de algumas ideias fora da curva, que só Brunno diria.

Impressões sobre o Auto da Compadecida 2: um filme lindo e cheio de reflexões históricas


Data: 28/12/2024 14:53

Olá, caros leitores! Sejam bem-vindos à primeira pauta da minha coluna. E Quem Diria que um dia eu teria meu próprio espaço para falar de arte, cultura e cinema, como também sobre mim mesmo, kkk!? Detesto aqueles críticos que se acham superiores e tacam-lhe pau em tudo que sai de novo. Por aqui, não teremos isso! Claro que serei crítico às vezes, mas tentarei não ultrapassar os limites e me tornar aquele ser super chato. Prometo ter bom senso e conhecer meus limites, reconhecendo o que de fato é bom e compartilhando com vocês. Sim, por meio do que eu escrever aqui, você poderá me conhecer e saber do que eu gosto e o que eu ando fazendo nessa vida louca. Estou feliz por estreitar nossos laços e saber que seremos amiguinhos virtuais e aprenderemos muito juntos. Porque, além de talentoso, ando buscando conhecimento e gosto de compartilhá-lo.

Pensei em escrever o primeiro texto nesta coluna falando sobre mim, contando um pouco da minha trajetória em uma espécie de biografia. Mas fiquei tão impactado com "Auto da Compadecida 2" que corri para fazer minhas primeiras anotações enquanto estava sob o efeito dessa obra de arte. Vou deixar minha história para outra pessoa contar, para alguém tão entusiasmado quanto eu nesse momento e que se interesse em falar sobre o Brunno. Talvez seja eu mesmo em outro momento de um futuro que não é agora.

Pura arte que renovou minha alma! Estas palavras que utilizo para definir o Auto da Compadecida 2. Logo após sair do cinema digitei estas palavras em meu grupo pessoal do WhatsApp, para que eu pudesse guarda-las e definir a experiência na qual tinha acabado de viver. No começo do filme eu pensei, “sim, mas iai, será que vai superar?” Logo eu percebi que não havia nada a ser superado. Poderíamos voltar a reviver o que já havíamos vivido em outro momento, ainda que com novos traços para nos entreter, contando uma história com algumas semelhanças em comum de um novo jeito. Para que no final nos sentíssemos nostálgicos e de certa forma reconfortados.  

Foi belíssima a forma com que uniram espiritualidade com arte e apresentaram, mais uma vez, os impactos da fé na vida de uma população pobre, marcada pelo retorno de João Grilo, lembrando um forte messianismo, em que um messias retorna à terra para salvar, libertar ou cuidar de um povo sofrido. Vale ressaltar que esta prática esteve muito presente no Nordeste brasileiro durante o século XX, contexto em que se desenvolve a história no estado da Paraíba, no município de Taperoá. Negrão (2001) afirma que esses líderes messiânicos eram comuns em comunidades associadas ao socialismo no Nordeste, embora não seja esse o foco da discussão aqui desejada.

Uma questão histórica que me chamou bastante atenção foi a chegada da ideia de desenvolvimento que crescia no Nordeste nesse contexto, junto à crescente industrialização da região e também à influência do modelo de vida americano, modificando a vida naquele espaço com a utilização do rádio e a incorporação de outros bens de consumo em seu cotidiano.

O diálogo entre João Grilo, o diabo, e Nossa Senhora Aparecida, em alguns momentos, me trouxe certo desconforto de olhar para a tela, não por ser algo mal feito, ou nada do tipo, mas pela presença pesada do demônio com características de bode, uma espécie de sátiro, que ainda se torna pesada para alguém cuja coragem se assemelha à de Chicó. Ouvi comentários ao sair da sala do cinema de que Fernanda Montenegro se saíra melhor como Nossa Senhora do que Taís Araújo. Não concordo; ambas interpretaram o papel com maestria. Taís Araújo, para mim, foi espetacular; a fotografia e a direção contribuíram muito para sua desenvoltura. As cenas em uma espécie de peça teatral foram belíssimas e inspiraram-me, fazendo-me querer seguir os caminhos da arte, embora ainda não seja o momento (papo para outra hora).

Eu não preciso dizer que amei e que voltarei para revê-lo, encontrando mais pontos necessários a serem debatidos e desenvolvendo um diálogo mais rico em características obtidas pela análise da obra. Muitas cenas de comédia arrancaram boas gargalhadas da sala de cinema. E vale lembrar uma coisa: há tempos eu não via tantas pessoas reunidas para assistir a um filme brasileiro. Ariano Suassuna estaria feliz com o que assisti em uma despretensiosa sexta qualquer em uma sala de cinema em Caxias no Maranhão. Essas impressões não têm a intenção de alterar sua opinião pessoal sobre o filme ou despejar perfeições em seu imaginário; apenas se trata do meu ponto de vista e do que senti ao ter contato com algo tão especial. Antes que esqueça, amei encontrar uma referência ao Maranhão, e a sala de cinema na qual eu estava também apreciou, esboçando uma genuína reação e diversos comentários. Como um bom maranhense que sou, tenho profundo amor pelo berço em que nasci e foi um dos pontos alegres da obra para mim.

Portal Destaque do Maranhão



Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
c2 tenologia web